Audiência pública debateu questão nuclear nas usinas de Angra
Na manhã da última sexta-feira, 7 de junho, foi realizada no Plenário Presidente Benedito Adelino a audiência pública “Usina Nuclear – Destino do lixo radioativo; contrapartidas sociais e econômicas; fornecimento de energia elétrica nos limites do município e projetos sociais e econômicos para Angra 3”.
A reunião foi presidida pelo vereador Flavinho Araújo, cujo gabinete foi o responsável pela organização. Compuseram a mesa, ainda, o presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães,e o chefe do distrito de Angra dos Reis da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Jefferson Borges Araujo. Os vereadores Canindé do Social, Titi Brasil e Jane Veiga também marcaram presença.
Também estiveram presentes outros representantes da Eletronuclear e da prefeitura municipal, como o secretário executivo de Indústria e Comércio, Aurélio Marques, o secretário de Planejamento Estratégico, André Luis Pimenta, e o representante da Secretaria de Meio Ambiente, Felipe Mota.
Empregabilidade
Os principais assuntos debatidos foram as contrapartidas oferecidas pela empresa para atividade da usina Angra 2 e a retomada das obras para a construção de Angra 3. Nesta, a principal questão levantada é a empregabilidade gerada, que deve, prioritariamente, ser ofertada aos moradores da cidade, que passa por um período complicado nesse aspecto.
‘No Rio de Janeiro, a indústria nuclear é muito importante em termos de geração de emprego e renda em especial porque toda a indústria está concentrada aqui. A única coisa que fica fora do estado são as minas que produzem o concentrado de urânio, o resto todo está no Rio de Janeiro, que às vezes não tem muita consciência. 40% da energia consumida no estado é nuclear, correspondentes a Angra 1 e 2. Se Angra 3 tivesse em operação hoje, seriam 70%”, esclareceu Guimarães.
Segundo o presidente da Eletronuclear, a retomada de Angra 3 não é um projeto simples, pois depende da reestruturação do financiamento dessa obra, que deve ser suficiente para cobrir o custo da obra até o final, garantindo que não seja novamente parada. A expectativa é que o retorno da construção aconteça no segundo semestre de 2021.
A promessa de geração de emprego mais imediata oferecida pela empresa ficará por conta da obra para construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Elementos Combustíveis. O combustível atualmente é armazenado em piscinas dentro da própria usina. As obras têm previsão de início para o próximo mês e devem gerar de 200 a 250 postos de trabalho.
Segurança
Outra questão levantada na audiência está relacionada à segurança das usinas nucleares e ao plano de emergência para o caso de acidentes. “Existe um plano de emergência local, que é responsabilidade da Eletronuclear e existe um plano de emergência externo, que recebe diretrizes de um órgão chamado SIPRON, Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro, que está dentro do GSI, Gabinete de Segurança Institucional, então ele estabelece as regras do jogo. Estabelece que tem que ter um exercício anual, tem que ter treinamento, e a coordenação pela implementação desse plano é da defesa civil estadual”, esclareceu Jefferson Borges da CNEN. Ele explicou, ainda, que no caso de um acidente nuclear de grande porte, a primeira medida é uma evacuação da área no entorno da usina em até 5km.
Ao final da audiência, foi aberto espaço ao público para que pudessem questionar o presidente da Eletronuclear sobre tópicos de interesse relacionados aos investimentos da empresa em educação, proteção ao meio ambiente e outras benfeitorias ao município em compensação pela instalação das usinas no território angrense.
Foto: Igor Abreu