Câmara realizou sessão solene em homenagem à mulher negra
Nesta terça-feira (02), foi realizada, no plenário presidente Benedito Adelino, sessão solene em homenagem às mulheres negras do município.
O evento é realizado em alusão ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. A data foi instituída no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em 1992, na República Dominicana. No Brasil, o símbolo da data é a líder quilombola Teresa de Benguela.
A vereadora Titi Brasil presidiu a sessão, substituindo o vereador Helinho do Sindicato, que é o autor da Lei n° 3.384, de 21 de agosto, aprovada em 2015, que instituiu a celebração oficialmente no município.
Compuseram a mesa do evento o vereador Branco; a delegada da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Angra dos Reis (Deam), Dra. Paula Loureiro; a coordenadora do Quilombo de Santa Rita do Bracuí, Marilda Francisco; a representante da Secretaria de Saúde, Dra. Danielle Ennes. Outras autoridades do município e representantes do movimento negro de Angra também estiveram presentes.
A delegada da Deam, Dra Paula, falou um pouco sobre a incidência de crimes contra as mulheres negras não só no município de Angra, mas em todo o estado do Rio de Janeiro. “A gente percebe, sim, uma maior incidência das mulheres negras como vítimas da violência contra a mulher. Isso é um fato, não é uma suposição. São várias as razões. A gente se pergunta por que é mais vítima de violência. Me debruçando sobre esse estudo eu pude constatar que a raiz do problema da violência contra a mulher todo mundo sabe que é o machismo, os valores patriarcais, a cultura que a gente está inserido, a nossa forma de criação. Só que com a mulher negra tem uma violência sobreposta que é o racismo, então além da mulher negra ser vítima da sociedade patriarcal e machista, ela também é vítima de uma sociedade totalmente racista. São dois tipos de violência que a mulher negra suporta atualmente [...]”, disse a delegada.
A coordenadora do Quilombo de Santa Rita do Bracuí, Marilda Francisco, falou sobre a importância da valorização da cultura quilombola desde a infância para preservação desse povo. “No quilombo, estamos tentando de todo jeito ter a escola quilombola para o primeiro seguimento para que essas crianças possam crescer conhecendo as suas culturas. Nós quilombolas somos muito protetores da família. Estamos sempre juntos e unidos. [...] O filho da minha vizinha é meu filho também porque somos todos família [...]”, disse a representante do quilombo.
A Dra. Danielle Ennes, especialista em saúde da mulher, mostrou alguns dados que apontam que a saúde das pessoas negras é mais afetada por alguns tipos de enfermidades. “Algumas doenças são determinantes de maior incidência por ser um grupo mais vulnerável, pela pouca oportunidade que a grande maioria tem. Então a gente vê aumento em alguns índices de tuberculose, hanseníase, IST’s, sífilis, HIV, que são as infecções sexualmente transmissíveis, isso tudo relacionado ao modo de vida, à dificuldade de acesso, às vezes o idoso não consegue chegar na unidade de saúde, o próprio preconceito, o medo de ser massacrado, de não ser informado, de ser transformada a situação de procura de auxílio numa situação constrangedora para aquela pessoa, então ela deixa de procurar [...]”, disse a médica.
Algumas mulheres negras do município que se destacam por sua atuação foram homenageadas com a entrega de certificado e medalha alusivos ao evento. Foram contempladas:
· Adriana Santos;
· Ana Paula Ayres;
· Ana Paula Euzébio;
· Andréia Souza;
· Érica Lima;
· Flávia Fonseca;
· Geórgia Mota;
· Luciana Santos;
· Maria Aparecida Barbosa;
· Maura Damázio;
· Paulina Humberto;
· Yohanna Lessa;
A sessão completa está disponível no Youtube para visualização: https://www.youtube.com/watch?v=cync304gCjE.
Foto: Igor Abreu